terça-feira, 16 de junho de 2015

A Alma e Eu

Não há palavra mais intrigante, e que se difere de todas as demais, do que justamente o pequeno pronome EU. Qualquer outro pronome pode ser dito por qualquer pessoa ao objeto específico que se refere. Mas
‘eu’ só pode ser utilizado quando dito pela própria pessoa, e se não for dessa forma não faz nenhum sentido. Nunca a palavra eu pode ser dirigida, mas sim, sempre como uma referência a si mesmo.

“Eu sou um eu apenas para mim, para todos os demais eu sou um tu, e cada outro é um tu para mim.”       (R. Steiner) 

Esse fato é a expressão exterior de uma profunda verdade: a verdadeira essência do eu é independente de tudo que seja exterior. O Eu se refere ao que há de mais sagrado dentro de nós, e somente no centro mais puro da consciência é que o eu é revelado. “O Deus que habita no homem fala quando a alma se reconhece como Eu.” (R. Steiner). Essa é mais pura representação do grau elevado que a natureza humana pode alcançar.

Mas que seja esclarecido que o pronome em si não tem poder de elevar a natureza de ninguém. Desvendar o eu é um trabalho de perseverança e coragem. Retirar as máscaras e condicionamentos, desnudar a personalidade e retirar os véus das ilusões egóicas... são tantos os fatores que mantem a essência dormindo, anestesiada por tantos hábitos, vícios, comportamentos robotizados e identificações.


Despertar é para os bravos, aqueles que já perceberam que existe uma falta, um chamado interno, uma eterna pergunta: Quem sou Eu?