Não há palavra mais intrigante, e que se difere de todas as
demais, do que justamente o pequeno pronome EU. Qualquer outro pronome pode ser
dito por qualquer pessoa ao objeto específico que se refere. Mas
‘eu’ só pode ser utilizado quando dito pela
própria pessoa, e se não for dessa forma não faz nenhum sentido. Nunca a palavra
eu pode ser dirigida, mas sim, sempre como uma referência a si mesmo.
“Eu sou um eu apenas para mim, para todos os demais eu sou
um tu, e cada outro é um tu para mim.” (R. Steiner)
Esse fato é a expressão
exterior de uma profunda verdade: a verdadeira essência do eu é independente de
tudo que seja exterior. O Eu se refere ao que há de mais sagrado dentro de nós,
e somente no centro mais puro da consciência é que o eu é revelado. “O Deus que
habita no homem fala quando a alma se reconhece como Eu.” (R. Steiner). Essa é
mais pura representação do grau elevado que a natureza humana pode alcançar.
Mas que seja esclarecido que o pronome em si não tem poder
de elevar a natureza de ninguém. Desvendar o eu é um trabalho de perseverança e
coragem. Retirar as máscaras e condicionamentos, desnudar a personalidade e
retirar os véus das ilusões egóicas... são tantos os fatores que mantem a
essência dormindo, anestesiada por tantos hábitos, vícios, comportamentos
robotizados e identificações.
Despertar é para os bravos, aqueles que já perceberam que
existe uma falta, um chamado interno, uma eterna pergunta: Quem sou Eu?
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