terça-feira, 20 de janeiro de 2015

A singularidade do Espaço-Tempo


Dividiram o espaço em quilometros e o tempo em horas. Medidas exatas para conceitos tão subjetivos. A qualidade tangível do espaço-tempo torna-se intangível ao se deparar com a singularidade com que cada momento é vivenciado. Quando distantes de uma pessoa amada, por exemplo,  o tempo passa devagar e a distância parece enorme, e quando próximos desta mesma pessoa  o tempo  voa. Nos momentos de crise o tempo parece parar, duradouro e persistente. Costumeiro usar os termos Sempre e Nunca nestes períodos. Parece que nunca vai passar, que está durando para sempre e que nunca mais as coisas serão como sempre foram.

Denomino isso dimensão do Nunca e do Sempre. Dimensões ilusórias diante da invariável e constante mudança da vida. São estas as dimensões que tornam  penosas, as já difíceis, situações de crise. Todo os momentos de crise, seja provocado por uma mudança de etapa de vida ou por uma dor física ou emocional, alteram a percepção do espaço-tempo gerando ansiedade e angústia. O tempo parece não passar, ou ao contrário, que está passando rápido demais diante da vagarosidade da reabilitação. A distância entre onde se quer estar e onde se encontra parece enorme e a trajetória parece longa e dura. O medo que a mudança de estado nunca ocorra, ou que para sempre a situação perdure, altera a percepção da realidade e influência intensamente a forma como a crise será encarada.

Diante da inexorável verdade de que, tudo que é vivo muda constantemente, é necessário praticar a serenidade diante dos acontecimentos da vida. Um olhar sereno e calmo diante de situações  de crise pode tornar a percepção dos fatos mais realista. Como também um olhar atento e presente aos momentos prazerosos pode tornar os momentos e as memórias dos mesmos mais vívida e intensa. A consciência da subjetividade da percepção do espaço-tempo  torna possível percebê-los de uma maneira mais saudável. O tempo não passa mais rápido, nem mais devagar, diante da tristeza ou felicidade, o que muda é a forma de percebê-lo.  A entrega  aos momentos prazerosos e a consciência da impermanência na dor, podem trazer uma possibilidade de experimentar o epaço-tempo de uma maneira consciente e serena. 

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